De certo que todos já ouvimos falar e sabemos o que é o racismo, pelo menos por alto, mas uma definição mais técnica e aprofundada de racismo é que este é frequentemente definido como não gostar ou maltratar os outros por causa de sua raça, mas essa definição foi criticada e mal aceite, por isso, racismo agora é visto como um sistema de vantagem baseado na raça, alimentado por todos, quer tenham essa intenção ou não, e quer se identifiquem como racistas ou não.
O racismo é um problema global, no entanto os Estados Unidos é o país que mais desperta atenção o mesmo, através dos seus terríveis ataques a minorias e racismo institucionalizado. Assim, e à luz do que se passou em maio de 2020, dos protestos de Black Lives Matter e dos mais recentes atentados a asiáticos nos EUA decidimos investigar um pouco mais sobre este racismo tão entranhado, bárbaro e presistente dos EUA.
Num ensaio publicado na American Psychologist, Steven O. Roberts e Michael T. Rizzo afirmaram que os americanos de hoje herdaram um sistema racista e inegavelmente herdaram algumas crenças profundamente racistas, fazendo referência a sete fatores que continuam a afetar o racismo americano e sugerindo maneiras de reverter este processo:
Categorias- As pessoas veem as raças, não os indivíduos, logo desde o início as crianças começam a categorizar de acordo com a raça, preconceitos raciais podem surgir em crianças a partir dos 3 anos de idade.
Fações- As pessoas tratam a sua própria raça como uma equipa, as crianças sentem que o seu próprio grupo requer a sua lealdade, confiança e cooperação.
Segregação- As pessoas tendem a separar-se com base na raça, a maioria dos americanos tem mais contato com pessoas brancas do que com pessoas pretas, o que contribui para que as pessoas muitas vezes vejam as pessoas pretas como estereótipos homogêneos.
Hierarquia- Os americanos brancos têm um status acima de todos os outros, como um exemplo, até mesmo Deus é frequentemente retratado como branco, o que leva as pessoas a percecionar os brancos como semelhantes a Deus.
Poder- Os americanos brancos têm o poder de estabelecer normas e estruturar a sociedade, alargando-se a políticos, educadores e até mesmo pais, pais brancos raramente falam com os filhos sobre raça e racismo, o que dá às crianças brancas a ilusão de pós-racismo.
Media- Os americanos brancos são retratados como superiores aos americanos de outras raça, nos últimos 20 anos, a proporção de personagens de baixo status retratadas como negras triplicou.
Passividade- As pessoas ignoram e negam fazer qualquer uma destas coisas, permitindo assim que o sistema persista.
O que deve ser feito sobre isto? Os autores sugerem que os americanos devem parar de perguntar se são racistas e começar a perguntar se são anti-racistas.
Beverly Tatum, uma psicóloga infantil mundialmente famosa, comparou o racismo a uma escada rolante num aeroporto, ser ativamente racista é saber para onde a escada leva e escolher seguir essa direção.
Ser passivamente racista é ficar parado enquanto a escada se move na mesma direção que aqueles que são ativamente racistas sendo assim uma forma que mantém e reforçar a hierarquia racial.
Ser anti-racista,é dar meia-volta e andar ativamente na direção oposta.
Roberts e Rizzo destilaram o conceito de anti-racismo, recentemente popularizado pelo historiador Ibram X. Kendi, em duas outras componentes: anti-racismo reativo e pró-ativo.
O anti-racismo reativo desafia o racismo sempre que ele aparece, como por exemplo, protestar contra a brutalidade policial, denunciar sistemas e crenças racistas, votar para remover políticas e formuladores de políticas racistas e promulgar legislação que corrige desigualdades e injustiças sistêmicas.
O anti-racismo proativo desafia o racismo antes de ele aparecer, como: a criação e manutenção de ambientes que impeçam os indivíduos de agir de forma racista e a promulgação de legislação que impeça a introdução de novas políticas racistas, o anti-racismo proativo é voltado para o futuro.
Os autores acreditam que um dos caminhos mais promissores a longo prazo é inspirar as crianças a uma ação anti-racista para garantir um futuro mais anti-racista.
Assim, podemos perceber que o racismo é fruto de diversos fatores que não são facilmente alteráveis e que o combate ao racismo é uma luta bastante complicada que implica trabalho entre países, indivíduos e sociedades, sendo que todos temos de contribuir, e a nosso ver educar sobre o tema é o primeiro e mais essencial passo.
O racismo surge claro também do preconceito, mas este tema de preconceito e discriminação será explorado noutra publicação.
Até lá ficam aqui recomendações de filmes sobre o tema:
Get out (2017)
Burden (2020)
BlacKkKlansman (2018)
12 anos escravo (2013)
American History X (1998)
I am not your negro (2016)
Greenbook (2019)
American son (2019)
Fences (2016)
Moonlight (2016)
The hate U give (2018)
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